segunda-feira, 29 de junho de 2009

Rainha do Egito


"Fluindo desde as montanhas da Etiópia até o Mar Mediterrâneo, uma extensa massa de água serpenteia pela região oriental da grande zona desértica africana. Ao longo de milhões de anos, essa massa de água escavou uma profunda e larga garganta no platô do deserto, formando uma grossa camada de lodo escuro e rico no chão do vale.

Na antiguidade essa faixa de terra fértil era chamada por seus habitantes de Kemet, a Terra Negra, que contrastava fortemente com a Terra Vermelha formada pelos desertos.

Constituindo o fundamento orgânico que possibilitou o nascer e florecer da civilização egípcia, a terra negra é Auset, a abrangente mãe natureza, senhora dos elementos, primogênita do tempo. Tendo em seu domínio os milagres da natureza, o núcleo de seu culto é focado na celebração dos mistérios associados com o surgimento da vida e sua dissolução.

A mais conhecida das deusas egípcia, sua história cobre milhares de anos de culto ativo, tendo se estendido por toda europa até meados do século VI do tempo comum. Nessa trajetória Auset absorveu em sua mitologia uma infinidade de funções que originalmente eram atributos de outras divindades até se transformar em uma grande Deusa- Mãe. "


(do livro As Deusas Egípcias e o Século XXI)


Seu nome me encantou logo de cara, sua figura foi sempre muito presente em minha vida desde então. Auset é Ísis, a Vitoriosa, a Deusa dos 10 Mil Nomes, surge sempre que preciso de um colo de Grande Mãe, Ela segue sempre à minha frente e mais fortemente dentro de mim. A imagem da Ísis alada em meu altar reflete seu poder passando por cima das mais difíceis situações. muitas vezes pela manhã recito a prece para o despertar da deusa, dita em seus templos mais antigos ao nascer do sol;


Despertai, despertai, despertai,
despertai em paz,
Senhora da Paz,
levantai em paz,
levantai em beleza,
Deusa da Vida,
Bela no paraíso,
o céu está em paz,
a terra está em paz,
oh deusa,
Filha de Nut,
Filha de Geb,
Amada de Osíris,
deusa rica em nomes!
todo louvor a Vós,
todo louvor a Vós,
eu Vos adoro
eu Vos adoro
Senhora Ísis.

Linda, não é mesmo?
Sua história permanece muito viva dentro da minha alma, da sua lealdade, seu amor e despreendimento ao mesmo tempo o contraste com sua força e bravura, sua beleza de majestade, me inspiram e renovam a cada dia.

Semana passada nós de casa fomos presenteados por uma pessoa que veio de Paris com um pingente da igreja de Notre Dame, que por acaso tem a virgem Maria e seu filho representados por Ísis e seu amado Hórus na versão grega, linda, linda! Dizem que a igreja de Notre Dame foi construída, ao menos em parte, sobre e com o que sobrou do templo de Ísis na França . A deusa se apresenta de diversas formas em minha vida, agradeço por poder reconhece-las.


Li em alguns lugares nessa semana comentários sobre a nossa relação com os deuses, concordei com muitos deles. Eles, os deuses, não são simplesmente arquétipos com os quais "trabalhamos", eles são seres existentes, são amigos quando precisam ser, dão bronca quando precisam dar, tiram nosso chão quando precisamos recomeçar.. Acho que essa maneira tão indiferente de se tratar os deuses que é ensinada por aí fecha as portas do praticante da Arte, que poderia viver experiências maravilhosas caso sentisse com mais atenção a convivência com o divino.


Salve amada Ísis!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Banho de purificação com hissopo.


Uma poderosa erva purificadora, o hissopo tem sido usado por milhares de anos. Muito utilizado para banir a negatividade, aliviar ambientes com baixo nível energético e para proteção, o hissopo está ligado a purificação desde os tempos antigos.

Foi usado por cristãos e judeus como erva de purificação, foi até associado na bíblia como vemos nessa passagem sangrenta repleta de sacríficios animais em Levítico 14:1-14:6 “1 O Eterno disse a Moisés: (...) aquele que se há de purificar, duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e escarlata, e hissopo; 5 e que se mate uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas. 6 Quanto à ave viva, tomá-la-á, e o pau de cedro, e a escarlata, e o hissopo, e os molhará juntamente com a ave viva no sangue da ave que for morta".
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Claro que não precisamos de todo esse circo para utilizarmos o hissopo em nossos banhos de limpeza e purificação, pode ser usado sempre que se sentir pesado e cansado espiritualmente, ou quando estiver sofrendo agitações emocionais, um banho de hissopo ajudará a restaurar o equilibrio interior. É também perfeito para banhos rituais além de seus conhecidos usos medicinais de suas qualidades antinflamatórias, digestivas, estimulantes e expectorantes, utilizado pela industria farmaceutica ou em forma de chás e tempero aromático na culinária . Há apenas algumas contra indicações no seu uso durante a gestação, já que em grandes doses pode ser prejudicial ao feto.

O hissopo é uma planta originária do mediterrâneo, cresce em solos ligeiramente secos e até em rochas e paredes, em nosso país sua ocorrencia na natureza pode ser rara. Tem um aroma levemente parecido com menta e salvia, pode ser encontrada com flores roxas, rosas ou azuis além de seus muitos caules repletos de folhas muito verdes.

Ao preparar qualquer banho de purificação é importante alcançar um estado meditativo e de paz e durante o banho também, é claro, para que ele possa operar de modo profundo na contaminação espiritual. Tente não fazer nada apressadamente. Não se esqueça de purificar e consagrar a água e as ervas utilizadas antes de seu preparo, mesmo que de forma simples, principalmente se ela for comprada e não cultivada e colhida por você.

Para preparar o banho pegue um bom punhado da erva e misture a aproximadamente um litro de água, mexa com uma colher de madeira o que se feito de forma circular cria uma espiral que induz ao transe. Sinta sua fragrância enquanto a água esquenta, apague o fogo antes de sua fervura e deixe a infusão descasar por um tempinho, você pode coar ou deixar as folhas como estão. Despeje a infusão sobre o corpo após o banho normal.

O hissopo transmite a água uma qualidade diferente que pode ser sentida como um sutil formigamento, pode ser despejado sobre a cabeça também se assim preferir. Algumas ervas, inclusive o hissopo, tendem a ressecar a pele portanto se precisar use um hidratante após o banho, não haverá problema algum.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A nescessidade dos mitos e arquétipos.


Quando uma sociedade entra num estado de colapso ou precisa superar uma condição comportamental utrapassada os mitos, á pesar de subestimados, servem como mediadores entre as "sombras" do ser e a sociedade. "Sombra" no jargão Junguiano refere-se aos aspectos reprimidos e rejeitados do Eu, quando esses adjetivos considerados mais sombrios são reconhecidos ocorre um profundo amadurecimento individual e até social.

Desde os tempos imemoriais o mito tem servido para equilibrar sobra e luz tanto nos individuos quanto nas culturas, e quando desenvolvidos desordenadamente podem desequilibrar a mentalidade humana. como vemos acontecer hoje em grandes sociedades que impedem outros tipos de crenças e comportamentos, visando uma única forma de agir baseada apenas nas atitudes "aceitáveis" formadas pela sociedade em questão.

Acontece que quando uma sociedade exalta apenas aspectos masculinos da divindade por exemplo vemos esse desequilíbrio, e o inversso também é valido, o caso é que hoje temos um crescimento da cultura patriarcal e não o contrário, com um deus único e socialmente aceito como infinitamente bom o que faz pensar que o ser humano deve ser infinitamente bom. coisa obviamente impossível justamente pelo conceito anbiguo de bondade ou maldade.

O mito fornece elementos que funcionam como uma ponte entre a consciência individual e a sociedade reavivando as eternas características humanas (as caracteristicas dos seres mitológicos são ainda que de forma alegórica, essecialmente humanas).

Ele possui uma linguagem mais universsal que os contos de fada, apela ao subconsciente e está relacionado intimamente a psiquê humana. Além de estimular nossa compreensão do que ou de quem nós somos ele expande os horizontes e evoca a criatividade e individualidade mesmo mostrando que todos somos filhos dos mesmo sentimentos, angustias e questionamentos. O mito é algo que nunca existiu mas está sempre acontecendo.

Os mitos estão repletos de arquétipos (as imagens e conceitos primordiais) e os antigos, os criadores dos mitos, viam os arquétipos na natureza e no céu e dentro deles mesmos. Nossos ancestrais narram esse conhecimento em lendas de comunhão com a natureza. Mais intimamente os arquétipos dizem repeito as relações, são eles que conectam o modo como as coisas evoluem, crescem e se associam umas com as outras.

Carl Jung, grande psicanalista suiço observou que quando as arquétipos são reprimidos- seja em uma pessoa ou na sociedade- ocorre uma espécie de alienação, somos isolados da natureza e do nosso eu. As consequências disso são as atuais visões de um mundo mecânico e infectado de falsos valores que não nos trazem felicidade.

Suprimimos características importantes como a coragem e alegria de Dionísio, a força e bravura de Inanna, a paciencia e justiça além das tendências humanas de Maat, a sutileza e feminilidade da bela Vênus..

Os mitos, os arquétipos e os deuses sempre querem ser vistos de uma maneira nova, querem ser recultivados em nossa consciência para anunciar um novo tempo de mudanças e aprofundamento das nossas relações, com eles e com nossa própria essência.